quarta-feira, 5 de março de 2008

Amiga

Florbela Espanca


Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor,
A mais triste de todas as mulheres.


Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa, a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!

Beija-me as mãos, Amor, devagarinho...
Como se os dois nascessemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...
Beija-mas bem!... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei prà minha boca!...

As sem-razões do amor

Carlos Drummond de Andrade


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

terça-feira, 4 de março de 2008

Se alguem me perguntar por que estou chorando talvez nem saiba explicar exatamente. Não aconteceu nada que eu não esperasse, nada diferente, ao contrario, a paz voltou. É só a vida rolando, como deve ser.
Mas estou triste.
No fundo gostar é solitário, um sentimento só nosso, nem o destinatário deste sentimento participa.
Talvez por isso prefiro guardar pra mim.
Esse sentimento é só meu, ninguem tem culpa, ninguem pode resolver, só o tempo.
Mas as vezes ele custa tanto a passar...